Memórias de Timor (1910-1912)
Obra que reúne um conjunto de textos escritos pelo autor ao longo da sua vida, bem como variada documentação por ele guardada desde o período da sua comissão militar em Timor, entre Novembro de 1910 e Dezembro de 1912 e que, pela primeira vez, são publicados em livro.
O livro, com vasta ilustração e documentação, transcreve o testemunho de um jovem oficial monárquico através da sua viagem, em Outubro de 1910, de Pangim para Díli, confrontando-se, em Timor, com a alteração do regime monárquico para o republicano, a disputa dos territórios de Oekussi com os holandeses, a Revolta dos Régulos de 1911 e a sua relação com vários liurais, incluindo o chefe da rebelião, D. Boaventura Sottomayor.
“O tenente Jorge de Barros que, embora se tivesse salvo, por minutos, da ferocidade dos Ambenos, quando do primeiro ataque, bem se podia chamar um mártir de Timor” (Timor-1912, de Jaime do Inso).
Jorge Figueiredo de Barros nasceu na cidade da Praia, Cabo-Verde, a 13.06.1885, e morreu, em Lisboa, no Hospital da CUF, a 16.02.1971. Era filho do general Augusto Frutuoso Figueiredo de Barros e de sua mulher D. Maria Jesuína Moreira Alves. Foi aluno do Real Colégio Militar. Frequentou a Politécnica e a Escola do Exército, tendo sido mestre de armas no início da sua carreira militar. Enquanto cadete em Mafra, acompanhou o Infante Dom Manuel, futuro Rei, em trios musicais, nos quais o Príncipe tocava piano e ele, violoncelo. Em 1910, faz a sua primeira comissão no Ultramar, no Estado da Índia. Em Outubro desse ano, segue para a província de Timor, onde serviu, como Comandante Militar de Manufahi, até Junho de 1911, e de Oecussi (depois dessa data e até Dezembro de 1912), tendo-se notabilizado por ocasião da Revolta dos Régulos. A sua permanência em Timor foi praticamente de dois anos. Após regressar à Metrópole, foi colocado em Cabo-Verde, em 1913, ocupando durante alguns anos, os cargos de Chefe de Gabinete do Governador e Chefe da Repartição Militar, quando seu pai era, naquela província, Secretário-Geral. Aí, no ano de 1920, acompanhou S.M. o Rei Alberto I da Bélgica na sua visita a Cabo-Verde. Em 1922, com o posto de capitão, retira-se da vida militar activa e inicia uma nova fase da sua carreira ultramarina que só viria a terminar em 1946. Foram anos de actividade múltipla, toda desenvolvida na linha da tradição de sua família paterna na grande província de Angola, onde foi representante de várias Companhias, entre outras do Fomento Geral de Angola, da Companhia de Petróleo de Angola, da Companhia de Pescarias de Angola, da Companhia Agro-Pecuária de Angola, da Companhia Geral de Algodões de Angola, da Companhia de Cervejas de Angola e da Companhia de Diamantes de Angola. Foi vogal do Conselho de Governo da Província, como, também já o fora seu pai e seu avô paterno; presidente da Associação dos Agricultores de Angola; director da Associação Comercial de Luanda e de outros organismos. Foi, também, fundador da Sociedade Cultural de Angola e seu primeiro presidente; sócio -fundador da empresa que dotou Luanda do Nacional Cinema-Teatro; membro da Sociedade de Geografia sendo seu sócio de honra; e membro do Conselho Supremo da Associação dos Antigos Alunos do Colégio Militar. Depois de 24 anos de intensa e variada actividade em Angola, retira-se para a Metrópole. Foi Oficial da Ordem de S. Bento de Aviz; Comendador da Ordem de Mérito Agrícola; e Cavaleiro da Coroa da Bélgica; para além de muitas outras condecorações militares. A sua morte foi amplamente noticiada pelos órgãos de comunicação social, tanto de Lisboa como de Luanda. Casou, em 09.05.1914, na Igreja de São Martinho da Covilhã, com D. Maria da Glória da Matta e Silva Oliveira, de cujo casamento nasceram dois filhos: D. Maria de Lourdes Figueiredo de Barros Corrêa da Silva (Paço d’Arcos) e Rui Manuel Figueiredo de Barros. Era pai de Monsenhor Jorge de Barros Duarte, nascido em Same (Timor), em 14.07.1912; padre missionário, vogal do Governo de Timor, deputado à Assembleia Nacional, em 1965; etnólogo, escritor e ensaísta.