Fontes Pereira de Melo - Uma Biografia
Em 1850, o estado das estradas portuguesas não podia ser pior. A única via decente era a que ligava a capital a Coimbra. De Lisboa, era mais fácil chegar-se a Southampton do que a Bragança. Fontes Pereira de Melo acreditava que a circulação - das coisas, dos homens, das ideias – era positiva. Foram os governos a que presidiu, ou em que teve assento, que, entre 1856 e 1886, planearam e construíram 82,5% dos 2.153 quilómetros de vias férreas existentes. Também contra a opinião da maioria. Uma discussão muito semelhante à que hoje acontece em torno da construção do TGV.
Fontes Pereira de Melo tem de ser entendido no contexto da época em que viveu. Eram anos em que ainda se acreditava no progresso, na concórdia universal, na liberdade. Havia, depois, o homem. Embora partilhasse muitas das aspirações dos seus contemporâneos, não era um romântico como Disraeli, um autocrata como Napoleão III, um construtor de nações como Cavour, um conservador como Bismarck, um erudito como Canovas, mas um tecnocrata e um estadista, marcado pelo facto de ter nascido numa nação pobre e intolerante. A sua obsessão consistiu em tentar fazer qualquer coisa para minimizar o atraso global do país.
Nesta edição, revista e aumentada, Maria Filomena Mónica traz novos desenvolvimentos à sua obra de referência sobre a vida daquele grande estadista (publicada em 1998 e logo reeditada no ano seguinte), através da descoberta de factos inéditos, nomeadamente em correspondência anteriormente desconhecida.
Maria Filomena Mónica nasceu em Lisboa em 1943. Licenciada em Filosofia pela Universidade de Lisboa, 1969. Doutorada em Sociologia pela Universidade de Oxford, 1978. Colabora regularmente na imprensa e é autora de várias obras. Actualmente, é Investigadora Emérita do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa.