Lançamento de «Ibéria» noticiado pela Agência Efe

Publié par Alexandra Louro le

PORTUGAL ESPANHA

Portugal e Espanha condenados a entender-se, afirma José Miguel Sardica

Lisboa, 4 abr (EFE).- Portugal e Espanha são dois países condenados a entender-se, assegurou à Efe o historiador e professor José Miguel Sardica, que apresentou ontem em Lisboa "Iberia - A relação Peninsular no século XX", um livro que pretende desmontar os estereótipos entre os dois países.

A Espanha "anexionista" e a Portugal "inferior" são dois dos qualificativos que refletiram historicamente uma desconfiança mútua e uma fronteira mental "muitas vezes filha da ignorância e do desconhecimento", argumentou Sardica (Lisboa, 1970).

O historiador José Miguel Sardica é professor na Universidade Católica Portuguesa de Lisboa e apresentou ontem em Lisboa a sua obra "Iberia - A Relação Peninsular do século XX". EFE

Na sua obra, o professor universitário constatou que ambos os países têm "muito em comum" e asseverou que os dois estão "condenados a entender-se".

Para o autor, o ângulo mais inovador do seu livro é o tratamento do “iberismo” não como um movimento que procura a dissolução das fronteiras políticas mas sim como "uma ponte de aproximação" em campos como a cultura, a sociologia ou a economia.

Trata-se de "um entendimento natural" entre dois povos que nasceram "irmãos", obrigados a sê-lo também pela geografia, mas que por "eventos políticos vários" acabaram de "cavar" uma separação entre ambos.

"Nos últimos anos com a Europa houve uma convergência aparente (...) mas quando vemos as estratégias económicas, a divulgação da cultura, há muitas coisas por fazer", apontou.

José Sardica considerou "normal" que os portugueses estejam melhor informados sobre os espanhóis do que estes sobre os portugueses devido à dimensão de Espanha, seis vezes maior que Portugal.

"Afinal de contas somos povos irmãos. Somos quase como gémeos siameses separados por eventos políticos", expôs o autor, que lembrou que Portugal existe pela vontade de um infante (D. Afonso Henriques) que, "revoltado" com sua mãe (Teresa de León), constituiu um novo país no século XII.

"Nem a geografia, nem os recursos, nada individualiza um Estado em relação ao outro. Os rios que nascem na Espanha acabam em Portugal (...) geograficamente, nada faria adivinhar que dentro do espaço ibérico poderiam existir dois Estados soberanos e não só um", aduziu.

Para Sardica, é curioso o papel dos "embaixadores" portugueses em Espanha que desempenham José Mourinho e Cristiano Ronaldo, treinador e estrela do Real Madrid, respetivamente.

"É interessante toda a relação de amor-ódio que José Mourinho provoca na Espanha entre a imprensa e os adeptos. Ele é bom, mas é de outro país, e não de um indiferente, de um ali ao lado (Portugal), onde supostamente têm menos competência", anotou.

Segundo o autor, "ver a dois embaixadores dar lições à Espanha, serem reconhecidos em Espanha é muito interessante para nós e para ver como se reage em Espanha ao êxito de Mourinho e Ronaldo".

"Iberia - A relação Peninsular no século XX", editado em português por Aletheia, espera ver-se traduzido ao espanhol em breve, assinalou Sardica.

 

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