Debaixo de fogo! Salazar e as forças armadas (1935-1941)
«Estamos a trabalhar debaixo de fogo! A expressão era atribuída a Salazar nos inícios da década de 30, mas servirá para o velho general Lobato Guerra demonstrar o seu descontentamento numa das discussões mais quentes entre a elite militar, em Março de 1937, no Conselho Superior do Exército. E o general tinha razão.
Era na prática debaixo de fogo que se encontrava o Exército na década de 30, quer no plano político interno, cuja vertente será o objecto de estudo deste livro, quer perante a conjuntura externa, onde o «fogo» poderia atravessar a fronteira, imagem que ganha consistência a partir de 1936, com o início da guerra civil em Espanha.
É pois perante esse quadro de perigo bem presente que Salazar irá desencadear a maior reforma militar do Estado Novo, num processo que se abre em 1935, altura em que se inicia a modernização da força terrestre, e será prolongado no nosso estudo até 1941, fase em que se realiza um derradeiro balanço à nova realidade do Exército antes da aprovação de um plano de guerra e no contexto das novas ameaças decorrentes do segundo conflito mundial. Será neste tempo curto, mas decisivo, que se desenha todo o sentido da relação civil-militar no regime autoritário português, transformando-se o Exército num verdadeiro braço da defesa política do regime do Estado Novo.» Telmo Faria
Esta obra começou por ser uma tese de mestrado de Telmo Faria, historiador, defendida no âmbito do curso de mestrado em História do século XX da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, em 1999, e que mereceu as maiores aclamações do meio académico, tornando-se uma obra de referência para o estudo da história militar portuguesa deste período.